Conheça lendas e curiosidades do Palácio Tiradentes.

Palco de inúmeras discussões políticas e local de trabalho de milhares de pessoas ao longo de seus 90 anos, não faltam histórias de quem caminha ou já passou pelo movimentado Palácio Tiradentes. Algumas engraçadas e outras até assustadoras, as lendas e curiosidades da sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vão do setor de segurança da Casa a antigos deputados estaduais.Relembrando os primeiros anos de sua longa estadia na Alerj, a ex-deputada Graça Matos conta sobre alguns momentos de tensão que viveu no plenário do parlamento Fluminense. No início da década de 90, quando ela foi eleita para o seu primeiro mandato, os deputados estaduais tinham direito ao porte de armas e era comum que sacassem seus revólveres durante as ordens do dia quando uma discussão mais fervorosa começava. “Os ânimos eram muito exaltados naquela época. Como eu costumava sentar na primeira fileira, por vezes via armas sacadas de todos os lados e me escondia debaixo da cadeira com medo de levar uma bala perdida! Mas, graças a Deus, ninguém nunca chegou a apertar o gatilho”, relata a ex-deputada, hoje rindo da inusitada situação.Alguns anos mais tarde, em 1995, a votação para escolher o novo presidente da Alerj ficou marcada por um evento raro no plenário da Casa. Ao protestar contra a decisão pelo voto aberto durante a sessão, o ex-deputado Sivuca discursou com tanta convicção que terminou sua fala batendo com o pedestal do microfone com força no chão do plenário. O problema era que o pé da ex-deputada Solange Amaral estava no caminho e acabou atingido. O vencedor da votação naquele dia e presidente da Alerj entre 1995 e 2002, Sérgio Cabral, afirmou que o evento terminou de forma inesperada: “Saímos do Palácio Tiradentes direto para o Hospital Municipal Miguel Couto, acompanhando a deputada Solange e celebrando a minha vitória”, contou.O Palácio tem um papel tão significativo na vida de algumas pessoas que está até eternizado na pele de uma de suas funcionárias. A subdiretora de Segurança da Casa, Cristina Vilhena, que trabalha pelos corredores do Palácio há 27 anos, fez uma tatuagem da cúpula do Palácio Tiradentes em suas costas. “É um orgulho e uma alegria tão grande cuidar deste lugar, por onde passa tanta gente, que resolvi gravá-lo em minha pele”, disse Cristina.

Passando de eventos e indivíduos marcantes para algumas das lendas mais famosas dentre os funcionários da Alerj, o segurança Luiz Carlos Martins, conhecido como Carlão, afirma já ter encontrado o próprio Tiradentes durante uma ronda noturna pelo Palácio. Segundo o segurança, um homem barbudo, de cabelo grande, vestindo bermuda e sandálias tentou forçar os portões do Palácio em um fim de semana: “Quando me aproximei, o homem disse que estava à procura de alguns livros e que já havia vivido ali. Quando disse para ele voltar na segunda-feira, o homem desapareceu”, declarou Carlão.

Um outro segurança, Francisco de Araújo, que trabalha no Palácio há exatos 30 anos, também conta que alguns de seus colegas que trabalharam na Casa disseram já ter visto vultos suspeitos e ouvido barulhos estranhos durante a madrugada. Como Francisco nunca trabalhou neste turno, ele garante não ter visto nada de estranho até hoje: “Acho que essas coisas não acontecem durante o dia, né?”, concluiu.

A auxiliar de serviços gerais, Daisa Maria da Conceição, que é funcionária da Alerj há 23 anos, também tem uma história parecida. Daisa relata que estava fazendo faxina no plenário da Casa durante um fim de tarde e avistou uma mulher sentada na plateia. Ao desviar o olhar para avisar a uma colega de profissão sobre a presença da tal mulher, ela havia desaparecido. “Foi muito assustador!”, relatou Daisa

Segredos na Assembleia

Você sabia que o Palácio Tiradentes tinha barbearia, vestiário, garagem e restaurante quando foi inaugurado? E que existe até hoje uma escadaria de mármore em espiral com 80 degraus que liga o térreo ao 4º andar? Estas são apenas duas de inúmeras curiosidades sobre o Palácio Tiradentes que são desconhecidas por grande parte de seus funcionários, visitantes e da população em geral. Por trás de portas fechadas, passagens secretas e objetos escondidos remetem a grandes histórias do Palácio. No primeiro andar, por exemplo, o único elevador desativado, dos oito que existem no prédio, liga o almoxarifado à Furna da Onça, uma sala ao lado do plenário onde os deputados se reúnem para ter conversas mais particulares. A arquiteta Lenise Pereira, do Departamento de Engenharia e Arquitetura da Casa, acredita que o elevador, que conecta apenas dois andares, provavelmente era utilizado pelos deputados quando saíam do plenário e não queriam ser importunados por ninguém.

No terceiro andar, mais surpresas podem ser encontradas. Na antiga casa de máquinas do elevador desativado, bem acima da Furna da Onça, há um vitral, em perfeitas condições, completamente escondido. No lado oposto do prédio, praticamente na mesma posição, um outro vitral, visível a quem frequenta as galerias do plenário, indica que pode ter havido erro na restauração da peça. “Não sabemos o que aconteceu, mas o trabalho foi mal feito e a perna de um anjo, na parte baixa da figura, acabou sendo trocada”, comenta Lenise. Dentro da sala da Presidência neste andar, há ainda um quadro, intitulado Samba no Morro, de Braz Torres, que data de 1946 e é visto apenas por quem frequenta a sala.

Confira as imagens dos locais citados no Jornal da Alerj